terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Olá, formosa dama.
Linda noite, não?
Perdoe-me a interrupção. Talvez a senhorita pretendesse passear… apenas desfrutar a paisagem.
Não importa. Creio que é chegado o momento de termos uma breve conversa.
Aah! Eu me esqueci de que não fomos devidamente apresentados…
Não tenho um nome, mas pode me chamar de “V”.
Madame Justiça… este é V.
V… esta é Madame Justiça.
Olá, Madame Justiça.
“Boa-noite, V.”
Pronto. Agora já nos conhecemos. Para ser sincero, outrora fui admirador seu. Oh, eu sei o que está pensando…
“O pobre rapaz tem uma queda por mim… uma paixão juvenil!”
Perdoe-me, madame, mas não se trata disso.
Eu a admirei por muito tempo… embora sempra à distância. Quando criança, eu a contemplava das ruas lá embaixo.
Indagava a meu pai: “Quem é aquela moça?” e ele respondia: “É a Madame Justiça”. Ao que eu emendava: “Como é bela!”
Por favor, não pense se tratar apenas de atração carnal! Sei que não é esse tipo de mulher. Eu a amava como pessoa, como ideal!
Isso foi há muito tempo. Agora, confesso que há outra…
“O quê? Que vergonha, V! Traindo-me com uma meretriz de lábio pintado e sorriso vulgar!”
Eu, Madame? Permita-me divergir. Foi sua infidelidade que me lançou aos lábios dela.
Ahá! Ficou surpresa, não? Pensou que eu desconhecia suas escapadelas? Ledo engano! Eu sei de tudo!
Na verdade, não me surpreendi quando soube que flertava com um homem de uniforme!
“Uniforme? E-eu não sei do que está falando! Sempre foi você, V… o único em minha…”
Mentirosa! Meretriz! Messalina! Ousa negar que se deixou envolver por ele, suas braçadeiras e botas?
Ah! O gato comeu sua língua?
Foi o que pensei.
Muito bem! Afinal, a verdade se revela. Você não é mais minha justiça. É a dele. Deitou-se com outrem.
Bem, eu posso fazer o mesmo.
“Snif! Snif! Q-quem é ela, V? Como se chama?”
Seu nome é Anarquia. E, como amante, ela me ensinou mais do que você.
Com ela, aprendi que, sem liberdade, não há sentido na justiça. É honesta. Sem promessas, e nem deixa de cumpri-las como você, Jezebel!
Eu vivia me indagando porque você nunca me olhou nos olhos. Agora eu sei.
Assim sendo, adeus, cara dama. Eu estaria entristecido por nossa separação caso ainda fosse a mulher que amei outrora.
Eis um último presente que deixo a seus pés.
As chamas da Liberdade! Que adorável… Quanta justeza, minha preciosa Anarquia…
“Ó Beldade, até hoje eu te desconhecia!”

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